O Rio São Francisco tem 2,8 mil km de extensão e corta cinco estados brasileiros, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Desde a nascente na Serra da Canastra, até sua foz no Oceano Atlântico, na divisa entre Sergipe e Alagoas, é mais de 500 municípios banhados, onde vivem 14 milhões de habitantes.
No Brasil Império, durante o reinado de Dom Pedro II, foi concebido o primeiro projeto de transposição do Rio São Francisco, visando minimizar os efeitos do clima semi-árido no sertão nordestino.
Com orçamento inicial de 4,2 bilhões de reais, o projeto de transposição prevê a construção de reservatórios e dois canais de aproximadamente 700 km.
Um canal a leste, terá cerca de 210 km, trará água aos estados de Pernambuco e Paraíba. O canal norte terá 402 km e beneficiara também Pernambuco e Paraíba mais o Ceará e o Rio Grande do Norte. Com previsão de atender 12 milhões de pessoas.
A quantidade de água desviada seria cerca de 3,4% da vazão, ou seja, 63 m³/s, do total de 1.850 m³/s de vazão do Velho Chico.
Boa parte desse volume serviria a projetos de agricultura irrigada e produção de camarão em açudes. Outra parte seria utilizada para abastecer centros urbanos que hoje consomem boa parte da água disponível na região.
Várias pessoas acreditam que a transposição só vai ajudar os grandes latifundiários nordestinos, pois grande parte do projeto passa por grandes fazendas e os problemas nordestinos não serão solucionados.
A polêmica criada por esse projeto tem como base o fato de que se a transposição for concretizada afetará intensamente o ecossistema ao redor de todo Rio São Francisco.
Com seu grande potencial hidroelétrico, a vazão do Velho Chico foi gravemente alterada. Com a instalação das barragens de Sobradinho e Xingó, a vazão foi reduzida, de tal modo que já se podem capturar peixes de espécies marinhas 42 km de sua foz, diante de fatos como esse é preocupante a possibilidade de salinização de suas águas.
Será como transfundir sangue, tendo como doador um doente em profundo estado de anemia. O Rio São Francisco se transformará em um verdadeiro Tietê.
Além disso, com a transposição das águas que alimentam as hidroelétricas, será capaz de deixar-se de produzir ao ano energia elétrica suficiente para abastecer uma cidade de 35.000 habitantes. Não é possível considerar válida o que foi proposto na época do Império, retomado no final do século XX e implementado no século XXI sem que se analise profundamente o impacto social, econômico, político, considerando o que se hoje se conhece dos processos da natureza e da sociedade.
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